Basta percorrer as redes sociais para entender que as criptomoedas se tornaram uma religião. Com a mesma paixão com que os participantes do Concílio de Nicéia argumentaram a favor ou contra certos aspectos doutrinários, podem ser lidos argumentos para explicar por que o Bitcoin ou similares são imunes a ciclos econômicos, ações governamentais, práticas especulativas e tentativas criminosas.
Mas os malfeitores sempre conseguem fazer suas coisas
Roubar criptomoedas usando SIM. Uma prática muito comum.
Garrett Endicott, 22, natural do estado americano de Missouri, foi identificado como o sexto (e último) membro de uma gangue de cibercriminosos conhecida como The Community. Endicott, se declarou culpado das acusações de fraude eletrônica e roubo de identidade agravado, após o que ele recebeu uma sentença de 10 meses de prisão e foi condenado a pagar um valor total de $ 121,549.37 em restituição pela propriedade roubada.
De acordo com o Departamento de Justiça, a banda estava envolvida na troca de SIM, também chamado de sequestro de SIM. Consiste em um esquema de roubo de identidade em que partes maliciosas persuadem as operadoras de telefonia a ttransferir os serviços de celular de suas vítimas para cartões SIM controlados por criminosos. Em alguns casos, funcionários subornados de empresas estão envolvidos, enquanto em outros os criminosos entram em contato com o serviço de atendimento ao cliente do provedor se passando por vítima.
Ao obter o controle dos números de telefone, os criminosos podem usá-lo como ponto de partida para sequestrar os diferentes serviços online com os quais a vítima opera.como e-mail, armazenamento em nuvem e contas de câmbio de criptomoeda. Desta forma, eles podem neutralizar medidas de segurança, como senhas e códigos de verificação exclusivos que são enviados por meio de mensagens SMS como parte do processo de autenticação de dois fatores (2FA),
Segundo informações do Departamento de Justiça, os integrantes da gangue utilizaram esse método principalmente contra vítimas dos estados da Califórnia, Missouri, Michigan, Utah, Texas, Nova York e Illinois. Embora também estendam suas atividades para o resto do país. O que foi roubado das vítimas variou de dois mil a cinco milhões de dólares.
Os outros membros da gangue, com idades entre vinte e dois e vinte e oito anos, foram condenados a entre dois e quatro anos de prisão.
O procurador dos Estados Unidos em exercício, Saima Mohsin, que atua no Distrito Leste de Michigan, explicou:
As ações desses réus resultaram na perda de milhões de dólares para as vítimas, algumas das quais perderam todas as suas economias para a aposentadoria. Este caso deve servir como um lembrete para todos nós protegermos nossas informações pessoais e financeiras daqueles que tentam roubá-las.
Não é a primeira notícia de uma banda que opera da mesma forma. No início deste ano, a Europol coordenou uma investigação envolvendo policiais do Reino Unido, Estados Unidos, Bélgica, Malta e Canadá. Nesse caso, o alvo eram celebridades e influenciadores da Internet e o que foi roubado totalizou mais de cem milhões em criptomoedas. Um ano antes, a própria Europol liderou uma operação para desmantelar dois grupos criminosos de troca de SIM que roubaram 3,5 milhões de euros (US $ 3,9 milhões) ao orquestrar uma onda de mais de 100 ataques contra vítimas na Áustria, esvaziando suas contas bancárias por meio de seus números de telefone.
Da Europol, eles recomendam que os usuários mantenham o software do dispositivo atualizado, limitem a troca de dados online e habilitar a autenticação em duas etapas por meio de aplicativos em vez de receber um código de autenticação enviado por SMS. Se possível, não associe o número de telefone às nossas contas online.
Alguém me disse uma vez que o componente que mais falha em um sistema de computador é aquele entre o teclado e o encosto da cadeira. É claro que não importa o quão segura seja uma tecnologia, enquanto houver um ser humano no meio, os criminosos encontrarão alguma vulnerabilidade.